Trazendo Bebidas do Exterior
Bringing beverage from abroad – (Please find the English version at the end of the text)
Você estava em horário de almoço, quando seu celular tocou.
Era sua esposa, Roseane, feliz da vida por ter fechado o pacote que vocês farão pela Itália no mês seguinte.
Ficou um pouco mais caro do que esperavam, mas ficaram contentes.
Logo em seguida, outra ligação.
Era aquele seu amigo, Miguel, convidando você para entrar na confraria de enólogos da qual ele participa há muitos anos. Só tem fera!!!
Você fica um tanto envaidecido, mas intimamente reconhece não ser conhecedor do assunto.
Uma semana se passa e chega a hora da tal reunião. Meu Deus, que medo!!!
Após a apresentação, é formada a roda e você se posiciona ao lado do Miguel para tentar aprender o ritual, logicamente, sem transparecer sua inexperiência.
Hoje irão degustar um Gran Cru da Bourgogne. Você nunca ouviu falar do lugar de origem, muito menos do vinho.
Após devidamente decantado, Miguel serve o precioso líquido e inicia-se o ritual dos 5 sentidos, intercalado por diversos comentários dos entendidos:
Visual: erguem-se as taças contra a luz e todos observam o tom rubi intenso (mas, você esqueceu seus óculos “de perto” no carro e não consegue ver nada, além de um borrão vermelho escuro)
Olfato: roda-se o vinho e a taça é trazida à região nasal para sentir, segundo os camaradas, aromas de frutas escuras (em compota), couro, tabaco, chocolate e especiarias. (Você amanheceu resfriado e não sentiu absolutamente nada)
Audição: todos brindam para ouvirem o tin-tin das taças (finalmente você conhecia uma das etapas)
Paladar e tato: encorpado, seco de uma acidez pungente com taninos macios e bem estruturados, com final longo e complexo. (Você achou o vinho uma porcaria, quase tossiu, mas aguentou firme por consideração ao Miguel).
Beberam todo o vinho…
Ufa, acabou aquela verdadeira penitência!!
Todos se despedem e marcam a próxima reunião, (onde?) em sua casa. ( Se você pudesse, mataria o Miguel)
Não teve como escapar: todos concordaram em aguardar seu retorno da Itália.
No dia seguinte você liga para um outro amigo (não dava para ser o Miguel, né?), diz simplesmente que vai precisar trazer uns vinhos da Itália e pede algumas dicas do que é permitido pela Receita.
O Arnaldo é um cara experiente em viagens e aconselha o seguinte:
Ao pegar um vôo, jamais traga na bagagem de mão bebidas, pois líquidos (incluindo água), perfumes, etc são proibidos por razões de segurança de tripulantes e passageiros. Você vai perdê-las na hora da checagem de embarque.
Acredite se quiser, até pasta de dente(??) pode ser apreendida pelas autoridades aeroportuárias.
Então, restam as seguintes opções:
- Comprar no free-shop do exterior, depois de feito Check-in na companhia aérea e de ter passado pela triagem policial. As bebidas do free-shop são consideradas seguras e não apresentam restrições
- Levar, ou comprar no exterior, mala tipo “Wine Case” que acomoda e protege as garrafas, permitindo que seja despachada como malas normais
- Embrulhar as garrafas em fraldas geriátricas e colocá-las na mala, junto com as roupas.
Você não é louco de arriscar a terceira opção, pois no caso de a garrafa quebrar no interior da mala, no taxi, Aeroporto ou vôo, aquela bolsa novinha Longchamp bege clara que a Roseane comprou em Roma (com tanta euforia) vai ficar toda manchada e ela jamais irá te perdoar. Nem sequer foi usada.
Portanto, opções 1 e 2 são as melhores, lembrando:
- A Receita permite trazer até 12 litros de bebida, equivalente a 16 garrafas de 750 ml
- O limite total de compras é de US$ 500,00, individual e intransferível
- O que passar, será cobrado Imposto de Importação, mais uma multa sobre o excedente
- Imagine que você gastou ao todo US$620,00, incluindo os vinhos. Portanto ultrapassou US$ 120,00. Você deverá declarar o valor e pagará 50% sobre o excedente (US$ 120,00). Ou seja, você vai pagar US$ 60,00 de imposto.
OK, lição aprendida!!
Comprou sua “Wine-Case” “lá fora”, trouxe 6 garrafas de um certo Brunello de Montalcino safra 2011 e despachou tudo direitinho.
Durante o vôo de volta você decorou a região de procedência, vinícola, rótulo, safra, 4 sentidos ( fora o tin-tin), etc
Pronto!! Agora você vai esnobar na próxima reunião da confraria. O Miguel vai se orgulhar de tê-lo apresentado.
Ao chegar no Brasil, a Roseane pede para passar um minutinho no Duty-free. Você não vê a hora de chegar em casa, mas acaba concordando.
Ao entrar, você dá aquela olhada nos vinhos e, de cara, reconhece exatamente o vinho que está trazendo.
O valor? 50% do pago na Itália.
O motivo? A safra era micada. A má fama se espalhou e o estoque do Duty-free encalhou ……..
Definitivamente, vinho não é sua especialidade.
Bringing beverage from abroad
Your mobile phone rang when you were on a lunch break with friends.
It was your wife, Roseane, quite excited for the closing of a tour package that will take you to Italy in the coming month.
It ended up a little more expensive than expected, but even so she was happy.
Soon after, you received another call.
This time was your friend, Miguel, inviting you to join the Guild of wine connoisseurs, which he participates since many years ago. Only experts could be members!
You’re kind of flattered on it, but intimately you recognized yourself as not be well-versed in wines.
A week after it’s time of such meeting. My God, you’re so scared!!!
After the introductions the round table is formed and you positioned yourself beside Miguel trying to learn their ritual, although without shine through your inexperience.
Today, a Gran Cru of Burgundy will be tasted.
You’ve never heard of the origin place, much less about the wine.
After properly decanted, Miguel serves the precious liquid and begins the 5 senses ritual, interspersed by several knowledgeable feedbacks:
Visual: they all lift the glasses against the light and watch the intense Ruby color (but you forgot your glasses in the car and couldn’t see anything except a dark red blot)
Smell: they spin the wine and Cups are brought to the nasal region so to feel, according to them, dark fruit aromas, leather, tobacco, chocolate and spices. (You had a cold and felt absolutely nothing)
Hearing: all the guys offer to hear the tin-tin sound (Finally you knew one of the steps)
Taste and tact: full-bodied, dry to a pungent acidity with soft tannins and well structured, with long time and complex flavor. (You thought the wine sucks, almost coughed, but held on tight, respecting your friend Miguel).
They drank all the wine….
Phew, that true penance was over!!
Before saying goodbye, everybody elect the next wine tasting meeting ….at your home. (You could kill Miguel…)
You couldn’t say no: everyone agreed to wait for your return from Italy.
The next day you called up your friend Arnaldo (no Miguel this time, right?), just to say you’d bring some wine bottles from Italy and wondered hints of him.
Arnaldo is an experienced guy and advised as follows:
Whenever you catch a flight never bring beverages, liquids (including water), perfumes, etc. in your hand luggage once they are prohibited for safety reasons both to crew and passengers.
In case you disregard it, you’ll lose everything at the boarding checks.
Believe it or not, even toothpaste (???) can be seized by airport authorities.
So, the following options are left:
- Buy these items in free-shops, after checking-in with the airline and passing the screening officer. The free-shop stuff is considered safe and presents no restrictions
- Bring along or buy a “Wine Case” that accommodates and protects the bottles, allowing to be dispatched as regular luggage
- Wrap the bottles in adult diapers and put them inside your bag, along with your clothes.
You’re not crazy enough to risk the third option, as if the bottle breaks inside the bag, your wife’s brand new Longchamp bag bought in Rome (with such euphoria) will be all tarnished and she’ll never forgive you at all.
Poor woman, she had not even used it, yet.
Therefore, options 1 and 2 are the best, no doubt.
- Some countries limit up to 12 bottles
- Some of them limit the purchase value
- If you pass the value you will be charged with an import tax or whatever
Okay, lesson learned!
You’ve bought a nice “Wine-Case” then 6 bottles of Brunello de Montalcino from a certain vintage 2011 and dispatched them right.
During the flight back you’ve tried hard to memorize the origin region, Winery, harvest label, the 4 senses (outside the tin-tin), etc.
Ready!! Now you will be able to snub in the next meeting and Miguel will be proud to have introduced you for sure.
Upon arriving in your country your wife asks to spend a minute in duty-free shop. You can’t wait to get home, but ends up agreeing.
Upon entering, you take a look at the wines and, oh God, you recognize exactly the wine that you’re bringing.
The price? 50% of paid in Italy.
The reason? The vintage was a flop. The bad reputation spread worldwide and the duty-free stock does not sell anyhow……
Wine is not your expertise, definitely.
See you in the next post, guys…………
Gostei muito.
Quero continuar antenada nas dicas.
Obrigada
Silvia Go
KKKKKKKKKKKKK! Muito bom! E pior é que tem um monte de gente bancando o enólogo por aí…de repente até o Miguel é dessa “safra”.
Valeu, Carla!!!!
Gostei muito do seu comentário!!
Sidnei
Por ter uma neta Chilena estou começando a me aventurar em vinhos e frio.
Vai um Carménere… uva casta hoje só existente no Chile. Sidnei essa aprendi com voce … KKKKKKKKK….
Dos 5 adorei o tin-tin que também é o unico que acompanho com algumas restrições… será que é a taça é cristal ??????