Cidades históricas de Minas Gerais – Brasil – De volta ao século XVIII
Historic cities of Minas Gerais State – Brazil – Back to the 18th century (Please find the English version at the end of the text)
Caros amigos
O blog www.bagagemdebordo.com está completando 100 publicações, trazendo informações e muitas fotos dos locais explorados em pouco menos de 2 anos de existência.
Para celebrar esta importante etapa, temos a satisfação de apresentar a série que se inicia, visitando as fascinantes Cidades Históricas de Minas Gerais.
Antes de iniciar a jornada, é importante nos situarmos no tempo, de forma a entender a razão do surgimento destas vilas coloniais que resistiram ao progresso e se mantiveram preservadas até os nossos dias, 3 séculos depois.
Um pouco de história…….
No final do século XV, Portugal dominava a técnica da navegação, cruzando mares desconhecidos e conquistando terras ao redor do mundo.
Após a descoberta do Brasil (inicialmente Terra de Vera Cruz e Terra de Santa Cruz) em 1500, a Coroa Portuguesa limitou-se a explorar e transportar pau-brasil para a Europa, onde a madeira teve grande aceitação.
A atividade extrativa se manteve até 1530, quando holandeses, ingleses e franceses também passaram a invadir e explorar espécies nativas na região costeira do Brasil.
O reino de Portugal preocupou-se com o crescente interesse estrangeiro e resolveu garantir a posse do território dividindo a colônia em 15 lotes chamados Capitanias Hereditárias.
Por volta de 1550, aproveitando a experiência por eles adquirida na Ilha da Madeira, Açores, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, iniciou-se no Brasil o “Ciclo da Cana-de-Açúcar” como principal atividade econômica, trazendo grande desenvolvimento para as regiões de Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo.
O clima favorável e o vasto território fizeram do Brasil colonial o maior produtor mundial de açúcar até o final do século XVII, quando perdeu competitividade para as ilhas da América Central que ficavam bem mais próximas da Europa.
Não havia outra solução; era necessário buscar uma nova fonte econômica que mantivesse a colônia ativa e rentável…..
Para sorte dos colonizadores portugueses, nesta mesma época (final do século XVII) foram descobertas as primeiras jazidas conhecidas como “Minas de Ouro”, que pertenciam à então Capitania de São Paulo.
Em 1720, uma nova capitania foi criada com o nome de Minas Gerais, que tornou-se província no ano de 1821.
Portanto, ao encontrar minas preciosas, abriu-se uma nova etapa, conhecida como “Ciclo da Mineração”, que resultou na transferência da capital de Salvador para o Rio de Janeiro, em 1763.
A exploração mineral atraiu uma sociedade diversificada para a região, composta por agentes da Coroa, donos das minas, profissionais liberais, artistas, colonos, militares, religiosos e escravos.
Enquanto as vilas se desenvolviam, as irmandades religiosas disputavam a melhor igreja construída, tornando-as cada vez mais belas, legando este valioso patrimônio ao Brasil.
Os mais ricos começaram a financiar obras, acreditando que, ao serem enterrados próximo do altar, garantiriam seu lugar no céu, o que explica a visível proximidade entre igrejas.
A arte barroca que havia surgido na Itália, logo chegou a Minas Gerais, revelando grandes artistas, tais como o mestre “Aleijadinho” e o pintor Ataíde, que criaram impressionantes obras em pedra-sabão, madeira e pinturas, sempre voltadas à arte sacra.
Nos próximos posts falaremos um pouco sobre estes artistas.
O também chamado “Ciclo do Ouro” durou aproximadamente um século, pois a extração mineral diminuiu drasticamente depois de 1785.
Durante sua vigência, foram fundadas diversas cidades que preservam a riqueza histórica e arquitetônica dos tempos coloniais.
1) São João del Rei
A região já havia sido ocupada desde 1701, porém foi o Arraial Novo do Rio das Mortes que deu origem à cidade, por volta de 1704, quando as primeiras minas de ouro foram encontradas.
Entre 1707 e 1709 a vila foi palco da Guerra dos Emboabas, um confronto entre os Bandeirantes paulistas que haviam descoberto ouro e os forasteiros que chegavam em busca de um sonho.
Os exploradores paulistas perderam a guerra e partiram para outras regiões do centro-oeste brasileiro, a procura de novas jazidas.
Em Dezembro de 1713 o arraial passou à condição de vila de São João del Rei, em homenagem ao monarca D. João V.
– Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar
Uma Irmandade formada pelos homens mais ricos da população resolveu erguer no atual local um novo templo em substituição a uma antiga capela de taipa, coberta de palha.
A licença para construção foi concedida 1721 e a conclusão da obra se deu em 1750, quando as torres foram finalizadas.
– Igreja de Nossa Senhora do Carmo
Concluída em 1732, e considerada uma das principais igrejas coloniais da cidade, esta obra, em estilo rococó, inovou ao erguer as torres recuadas em relação à fachada principal.
– Igreja de São Francisco de Assis
A construção foi realizada entre 1774 e 1809, sendo considerado um marco da arte colonial brasileira.
O projeto e grande parte dos trabalhos em pedra e madeira tiveram a participação direta do mestre Aleijadinho, certamente o maior artista de seu tempo.
– Solares e residências coloniais
Andar pelas ruas históricas de São João del Rei e observar a beleza de suas construções, é algo inesquecível.
Sem dúvida, é uma emocionante volta ao século XVIII.
Ao cair da tarde as cores atenuadas tornam a atmosfera colonial ainda mais linda.
– Igreja de Nossa Senhora do Rosário
Considerada a igreja mais antiga da cidade, teve sua construção iniciada em 1719 pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos.
Em 1753 passou a apresentar os elementos decorativos atuais e a porta almofadada.
– Igreja de Nossa Senhora das Mercês
Primeira capela foi construída no local em 1751 e, um século mais tarde, foi reformada como vemos hoje.
Um corredor lateral separa a torre do corpo da igreja.
Saindo de São João del Rei, iremos até a Estação Central tomar a simpática Maria-fumaça que nos levará à próxima etapa da viagem, lembrando que esta ferrovia foi inaugurada pelo Imperador Dom Pedro II, em 1881.
Para obtenção de detalhes de funcionamento, horários e bilhetes, consulte o website:
http://www.vli-logistica.com/pt-br/trem-turistico
2) Tiradentes
Agora vamos percorrer 12 km pela Serra de São José, vendo belas cenas como esta pelo caminho:
Nossa parada será na estação ferroviária de Tiradentes.
Depois de desembarcar, aguarde a manobra do trem para não perder estas fotos:
Segundo a história, os Bandeirantes paulistas chegaram ao local por volta de 1702, à procura de ouro na Serra de São José.
Ali fundaram um arraial com o nome de Santo Antônio do Rio das Mortes, que ficou conhecido como Arraial Velho.
Em 1718 foi elevado à condição de Vila de São José em homenagem ao príncipe Dom José, futuro rei de Portugal.
Somente em 1889 passou a ser “Cidade e Município de Tiradentes”.
Ao longo do século XVIII, a vila foi uma das principais produtoras de ouro na região.
Em 1938, o fabuloso conjunto arquitetônico foi merecidamente tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional.
A cidade de Tiradentes deve ser conhecida a pé, sem pressa, observando cada ângulo com muita atenção.
Na Rua Silvio Vasconcelos, 297, temos a Igreja de Nossa Senhora das Mercês, da segunda metade do século XVIII.
As ruas de pedra, o colorido de suas construções históricas e a vegetação formam lindos cenários para onde quer que se olhe.
Um dos principais símbolos de Tiradentes é o Chafariz de São José, construído em 1749 para abastecer a cidade de água potável.
Ao centro vemos o brasão das Armas de Portugal e logo abaixo um nicho com a imagem de São José de Botas.
Dá vontade de tirar 1000 fotos………………
A pacata vida da cidade nos faz voltar no tempo e imaginar como vivia a população local no século XVIII.
Construída por volta de 1708, a Igreja do Rosário é a mais antiga de Tiradentes.
A noite vem chegando, as luzes se acendem e tudo parece mágico, ainda mais fascinante.
Tenha sua câmera sempre à mão para não perder nada…..
Já pensou que humilhante seria pedir àquele seu amigo que mande as fotos de Tiradentes para você??????
Não deixe de subir a Rua Nicolau Panzera para conhecer a Igreja de São Francisco de Paula, de onde se tem a melhor vista panorâmica do centro histórico, incluindo a Matriz de Santo Antônio.
O cruzeiro instalado no gramado desta igreja, data de 1718, ano em que o Arraial passou à condição de Vila de São José.
Matriz de Santo Antônio
Iniciada em 1710 e concluída em 1752, a Matriz é um dos mais belos templos barrocos de Minas Gerais.
Sua fachada, desenhada pelo mestre “Aleijadinho” apresenta entalhes em pedra-sabão e internamente conta com belíssimas pinturas no forro e nas paredes laterais.
O interessante relógio de sol, de 1785, tornou-se um dos símbolos da cidade.
Posicionada no alto de uma colina, é visível de grande parte da cidade.
Localização: Rua da Câmara – Centro.
Além da maravilhosa arquitetura, Tiradentes apresenta diversas opções de hotéis, restaurantes, bares, cafés, lojas, galerias, antiquários e tudo que se espera de uma cidade turística.
Aproveite as delícias da cozinha mineira.
Que lugares maravilhosos, não?
Seguem as distâncias entre São João del Rei/Tiradentes e as capitais mais próximas:
Belo Horizonte: 205 km
Rio de Janeiro: 340 km
São Paulo: 475 km
Mapas do Google Earth
No próximo post vamos continuar em Minas Gerais, visitando mais duas incríveis cidades históricas; Congonhas e Lavras Novas.
Não perca por nada!!!!!!!!!
Obrigado por seguir e compartilhar o blog www.bagagemdebordo.com
Até lá………………………….
Historic cities of Minas Gerais State – Brazil – Back to the 18th century
Dear friends
The blog www.bagagemdebordo.com is now completing 100 posts, always bringing information and too many pictures related to the explored places.
All this happened in a less than 2 years of existence.
To celebrate this important milestone, it’s our pleasure to present you the starting series meeting the fascinating historical cities of Minas Gerais State – Brazil.
Before departing it’s important to understand the reason for emergence of these colonial villages that resisted progress and remained preserved until the present days or in other words 3 centuries after.
Just a little bit of history …….
At the end of the 15th century, Portugal dominated the navigation technique, crossing unknown seas and conquering lands around the world.
After discovering Brazil (formerly Terra de Vera Cruz then Terra de Santa Cruz) in 1500, the Portuguese Crown was limited to explore and carry a native red wood (pau-brasil) to Europe, where this kind of material had great acceptance.
The extractive activity remained until 1530, when Dutch, English and French expeditions also invaded and explored native species in the Brazilian coastal region.
The Kingdom of Portugal became deeply concerned with the foreigners growing interest then decided to ensure the territory ownership by dividing the colony into 15 lots called hereditary Captaincies.
Taking advantage of the experience gained in the islands Madeira, Azores, Cabo Verde, São Tome and Principe, around 1550 the “cycle of sugar cane” started in Brazil as the main economic activity.
This cycle provided great development for Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro and São Paulo Captaincies.
Both the favorable climate and the vast territory made of colonial Brazil the world’s largest sugar producer until the end of the 17th century, when the competitiveness was lost to the Central American islands, once they were closer to Europe as well as the other consumptions centers.
The portuguese colonists had to find a new economic source somehow, in order to keep the colony active and profitable …
By chance, in the same time (late 17th century) the first gold mines were found in a region belonging to the captaincy of São Paulo by then.
In 1720 a new captaincy was born named Minas Gerais, then became province in the year 1821.
Therefore, by finding gold mines and precious stones, a new phase came up, later known as “the Mining Cycle“, which resulted in the capital transfer from Salvador to Rio de Janeiro, in 1763.
The mineral exploration attracted a diverse society to the region, composed by Crown Agents, mine owners, professionals, artists, military, religious, settlers and slaves.
As the towns got developed the religious brotherhoods vied for the best church built, making temples increasingly beautiful, bequeathing this valuable asset to Brazil.
The wealthier inhabitants began to finance the works, believing that being buried near the altar would guarantee their place in heaven, which explains the noticeable proximity between the churches.
The Baroque art had emerged in Italy then soon after arrived to Minas Gerais, revealing great artists, such as the master “Aleijadinho” (The Little Crippled) and the painter Ataíde, who created stunning works in soapstone, wood as well as paintings, everything in line with the sacred art.
In the coming posts we’ll talk a little about these amazing artists.
The also called “gold cycle” lasted about a century, once the mineral extraction dramatically decreased after 1785.
During this period several towns were founded, some of them still preserving the historic and architectural wealth of those colonial days.
1) São João del Rei
This site had been occupied in 1701.
After the first gold mines were found in 1704 a village named “Arraial Novo do Rio das Mortes” was born.
Between 1707 and 1709 the “Emboabas” War took place in the village; a clash between the “Bandeirantes” (explorers) from São Paulo who had discovered gold and foreigners who arrived in search of their dream.
Explorers from São Paulo have lost the war and fled to other parts of Brazilian Midwest looking for new deposits.
In December 1713 the village was named São João del Rei, in honor of the Portuguese King Dom João V.
- Our Lady of the Pillar’s Cathedral
A brotherhood formed by the richest men in town decided to build a new temple, replacing an old chapel of clay walls, covered with straw.
The construction license was granted in 1721, however the church was completed in 1750 after the towers got ready.
- Our Lady of Mount Carmel’s Church
The temple was completed in 1732, considered one of the major colonial churches in town.
The Rococo style work innovated by erecting both the towers indented to the main facade.
- St. Francis of Assisi’s Church
This construction took place between 1774 and 1809.
It’s considered a landmark of Brazilian colonial art.
The project and much of the stone and woodwork had direct participation of the master “Aleijadinho”, certainly the greatest artist of his time.
- Solar and colonial residences
Walking down the historic streets of São João del Rei you’ll be able to observe the beauty of the old buildings.
No doubt, it’s an exciting travel back to the 18th century.
As the sun goes down the attenuated colors make the colonial atmosphere even more beautiful.
- Our Lady of the Rosary’s Church
The oldest church in the town had the construction started in 1719 by the Brotherhood of “Nossa Senhora do Rosário” and “São Benedito dos Homens Pretos”.
Both the current decorative elements and the padded door date from 1753.
- Our Lady of Mercy’s Church
The first chapel was built on the site in 1751, then a century later it has been reformed as seen today.
A side hallway separates the body from the church tower.
Departing from São João del Rei, let’s head to the Railway Central Station take the old steam locomotive to the next step of this journey, remembering that the railroad was inaugurated by the Emperor Dom Pedro II, in 1881.
For details on operating days, timetables and tickets, please refer to the website:
http://www.vli-logistica.com/pt-br/trem-turistico
2) Tiradentes
Now let’s travel 12 km along “Serra de São José” (São José hills) watching beautiful scenes like this ones:
Our stop will be “Tiradentes” railway station.
After getting to the station, be sure to hold on the old train maneuver to take increadible pictures:
As the story goes, the São Paulo explorers (Bandeirantes) arrived on the scene around 1702, looking for gold in Serra de São José.
They founded a village with the name of “Santo Antônio upon Rio das Mortes” which later became known as “Arraial Velho”.
In 1718 Arraial Velho was elevated to “Vila de São José” in honor of Prince Dom José, future King of Portugal.
Only in 1889 Vila de São José became “Tiradentes city“.
Throughout the 18th century this town became one of the major gold producers in the region.
In 1938 the fabulous architectural ensemble was (deservedly) declared of public interest by the National Historical Patrimony.
Tiradentes is a place to be known on foot with no rush at all, carefully observing every new angle as you move.
At Silvio Vasconcelos Street #297 lies the Our Lady of Mercy’s Church from the 18th century’s second half.
The cobblestone streets, the colorful historical buildings and amazing vegetation form beautiful scenery wherever you look to.
Among the main Tiradentes’s landmarks is the São José fountain, built in 1749, providing the town’s drinking water.
In the Center part there’s a Portugal’s coat of arms and just below a niche with the image of Saint Joseph in boots.
You’ll feel like taking 1000 photos … … … … … …
The quiet city life makes you go back in time and imagine what was like to live in the 18th century.
The Rosary’s Church is the oldest in Tiradentes, being built around 1708.
In the afternoon the town’s lights come on then everything seems magical and becomes even more fascinating.
Be sure to have your camera always at your hands not to miss anything at all.
Did you ever think how humiliating would be asking your friend to send you those pictures of Tiradentes??????
Now let’s go up to the Nicolau Panzera Street to meet the St. Francis Paula’s Church which provides the best panoramic view of the historic centre including Santo Antônio’s Church.
The cruise installed on the lawn, dates from 1718 when the place was named Vila de São José.
- Santo Antônio’s Church
This church is considered one of the most beautiful baroque temples in Minas Gerais.
It started in 1710 and was completed in 1752.
Positioned high on a hill,it is visible from much of the city.
Its façade has been designed by master “Aleijadinho”, featuring intricate carvings in soapstone and internally several beautiful paintings on the ceiling and side walls.
The interesting Sundial from 1785 has become another icon of the city.
Address: Rua da Câmara-Center.
In addition to the wonderful architecture, Tiradentes comes up with several options of hotels, restaurants, bars, cafes, shops, galleries, antique shops and everything else expected of a tourist town.
Enjoy the delights of Minas Gerais’ cuisine.
What a wonderful place………..
Please find below the distance from São João del Rei/Tiradentes to the main Brazilian capitals:
Belo Horizonte: 205 km
Rio de Janeiro: 340 km
São Paulo: 475 km
In the next post let’s continue in Minas Gerais, visiting two more incredible historic cities; Congonhas and Lavras Novas.
Don’t miss it at all!!!!!!
Thank you for following and share the blog www.bagagemdebordo.com
See you all guys………………………….